ignoro-me;

não escrevi o post de retorno ao brasil. sequer dei uma palavra sobre o quão fantástico foi 2013. o meu jeito desleixado de começar 2014 me fez evitar comentar inclusive os mais novos acontecimentos: as velhas notícias de todos os anos, sempre novas. nem mesmo reclamei do Rio de Janeiro com a sensação térmica de 50 graus em um dia em que eu tentava ir em uma exposição badaladissíma no ccbb. não comentei os últimos escândalos do maranhão, o último livro que acabei de ler (que aqueceu meu coração) e o drink favorito do verão. não disse ainda sobre a saudade de milão e das pessoas que fazem falta diariamente.

ando como um trapo largado no canto da sala em um dia quente. aquele pedaço de roupa que se tira ao colocar o pé em casa e se sentir seguro e confortável para expor um pouco mais de pele. qual o motivo do silêncio? talvez o calor. a falta de tempo de colocar a mão na consciência e digerir tudo o que vêm acontecido. ou, vai ver, é a vontade de ver tudo acontecendo de novo. não há tempo para respirar. qual o motivo do reaparecimento? a saudade. aquela maldita que insiste em grudar no meu pé não me deixa dar passos longos. me prende em algum canto da sala – o mesmo em que me encontro pensando e lembrando. as coisas estão indo tão depressa que me falta um pouco de ar e água fresca. me falta um dia jogada na cama, de perna para o alto, um pedaço de papel e uma caneta preta. transcrever-me. traduzir-me. entender-me. não que seja possível mas preciso suprir o vício de escrever sobre o que se passa nos espaços mais obscuros.

não é falta de tempo. é falta de coragem.

ou vai ver é a consciência de que ao se revirar tudo, irei encontrar sentimentos ainda mais profundos e lembranças ainda mais reais do que aquelas que eu penso ter. acima da minha vã noção de mundo.

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