minhas pernas doem, meus olhos fecham, meu corpo pede descanso. há onze dias atrás eu embarcava no avião para Buenos Aires, Argentina: disso todo mundo já sabe. o que falta dizer é que a viagem foi excelente, apesar dos pesares. pesares? digamos assim que tivemos de tudo, como se o universo conspirasse contra. de carteira roubada á nota falsa, passando por aeroporto errado e festas caras e ruins. disso tudo, aprendemos a ter paciência, bom humor, animação e sim, a andar com mapas nas mãos. como já imaginávamos, é impossível fazer uma viagem com oito pessoas sem que desentendimentos aconteçam: de fato aconteceram. uns viraram piadas, outros não tiveram tanta graça. no entanto, fez-se necessário unir-se aos mais próximos para seguir a programação conveniente. tivemos horas e programas para cumprir, definitivamente os 11 dias não foram suficientes para curtir a cidade como desejávamos, mas foi o tempo necessário para nos deixar com a vontade de voltar, o mais logo possível.
voltei com dicas, lembranças, casos, fofocas, textos, papéis, casaco, tênis, camisetas, adesivos, fotos, dores, sorrisos, (…), mas, de verdade? voltei com saudade. dentro do avião de volta, enquanto parávamos praticamente em todo sul brasileiro, uma dor, quase silenciosa, veio me acordar: queria voltar para minha casa, ver meus pais, minha irmã, meu namorado e minhas amigas. queria contar tudo que aconteceu e me sentir em casa. e, por outro lado, queria continuar a me sentir turista, surpreendendo sempre com as coisas mais comuns.
Cada pedaço da viagem, valeu a pena: cair nas roubadas dos guias; atravessar a 9 de julho de manhã cedo e ver o dia nascendo; atravessar a 9 de julho de madrugada, com as luzes da cidade e o vento gelado batendo no rosto; falar português e ninguém entender nada; misturar línguas que sei – e que não sei – e conseguir me comunicar com gente do mundo inteiro; receber o carinho gratuito dos argentinos ao saberem que somos brasileiras; ver o quanto eles podem ser esnobes e mal educados; cantar alto quando uma música – velha – brasileira tocar na festa; experimentar as delicias argentinas – vou sentir falta das empanadas, de verdade! -; entrar na Bond Street e só ouvir o barulho das máquinas de tatuar (adoro!); tomar quilmes e stela artois de 1L sentadas na grama; atestar que o melhor churrasco não é o argentino, e sim o brasileiro; dividir o preço das coisas pela metade e ver que é tudo quase de graça; tomar vinho no parque e sair bêbada atrás de um banheiro; ir ao malba e sentar em um banco/obra de arte; sair do restaurante do malba após ver o preço das coisas; ter certeza que os taxistas brasileiros são mais simpáticos, educados e competentes do que os argentinos; responder para um jogador do boca que sou mais pelé do que maradona; tirar foto com cara de nojo do lado da estátua do maradona, logo depois de pular na sua estrela, tudo isso dentro do estádio do boca juniors; ensinar todos os nossos passos de dança pessoais á um australiano muito gente fina; reencontrar um colega de colégio dos velhos tempos e ver que nós dois melhoramos muito; ficar até ás 7 da manhã dançando reggaton (é assim?) com todas as pessoas do salão; tomar mil e uma doses de tequila com gosto de vanila (…). aliás, Argentina se resume em Vanilla e Jamón!
Enfim, acho que o resto vou contar aos poucos. Ainda fico devendo os posts de dicas, dos restaurantes ás festas. E as fotos? Já estão todas no Picasa: absolutbuenosaires